Tratamento - parte 2

Quando foi em 2014, saiu a transferência do meu marido para outro estado e em 2015, nos mudamos, e aí, meu chão caiu. Foi uma bomba! Voltou tudo! Depressão, mal estar, insônia, estresse, melancolia e a bulimia e a anorexia.

Você sai da sua zona de conforto, sai do seu Estado, sai de perto da sua família e amigos, vai para outro lugar a quilômetros e quilômetros de distância de onde você viveu sua vida toda, e você vai pra um lugar onde não conhece cultura, comidas, costumes, pessoas, regiões, nada; você não conhece nada e você se sente um estranho no ninho e, com isso, voltou fortemente tudo. Uma loucura, uma saudade de tudo, uma falta das pessoas, uma busca incessante pelo corpo perfeito, pela beleza que não existe, pra ser o centro das atenções.

E com tudo isso, comecei a me tornar uma pessoa insuportável, nervosa, baixo astral e chorona novamente. Resolvi então voltar com o tratamento com o psiquiatra e psicólogo e começou a minha fase de rato de laboratório, fazendo testes e mais testes com diversos remédios. Eu podia não conhecer ninguém na cidade, mas já conhecia diversos médicos. Não que eu não pudesse fazer novos amigos, claro que poderia, e fiz, mas não era isso, era um buraco que tinha dentro de mim, uma falta, uma angustia, a distância dos meus pais doía, eu sempre fui muito agarrada a eles. Essa dor foi por dias, semanas, meses, uns três meses, todos os dias, eu chorava.

Fizemos amizade com um casal maravilhoso que recebeu a gente, na verdade o casal tinham mais dois casais e todo fim de semana fazíamos uma "junção", como eles falam, e isso me fez muito bem. Todo fim de semana, churrasco, dança e muita cerveja. Quando percebi, estávamos bebendo em um dia o que eu nunca tinha bebido em uma semana ou um mês. Engraçado...eu digo que foi Deus que falou comigo assim...é isso que você quer pra sua vida? É isso que você quer pra sua filha? E se foi ele mesmo ou não, não sei, mas eu resolvi dar uma repensada, tava vendo a hora de sair da depressão e entrar no alcoolismo, fui diminuindo a bebida e hoje, já nem to bebendo mais, por opção minha mesmo.

Resolvi fazer uma reeducação alimentar e meu marido me acompanhou nessa, já não bebíamos refrigerante há muitos anos, paramos de comer gordura, mudamos o pao, o arroz, o leite, o açúcar o óleo passou a ser o de coco, evitávamos o doce. Ficamos sendo conhecido como o casal sem graça. Na nossa casa não tinha biscoito recheado, batata pra fritar, nada de enlatado, industrializado, basicamente, só agua e fruta. Você acha que fez alguma diferença no meu corpo??? Nenhuma!!!!

Voltando ao tratamento, comecei tomando 1 comprimido de fluoxetina, o que, no início me fez muito mal, sono, tremedeira, coração acelerado. Parei, voltei, parei, voltei e persisti, pararam esses efeitos ruins e começaram os bons, me acalmei, controlei a bulimia... só que tudo por apenas um tempo. Volta no médico e aumenta a dose e depois de novo. Parei tomando 3 comprimidos de fluoxetina e no final, já não tava mais fazendo efeito nenhum. Nessa epoca, me atacou crises e mais crises fortíssimas de enxaqueca, que me davam muita vontade de vomitar. Na real, não sei se a bulimia acabou me dando a enxaqueca ou se a enxaqueca me fazia vomitar. Fiz diversos exames, até do cérebro, porque as dores de cabeça, as vezes, eram tão fortes que fiquei desconfiada ate de um tumor no cérebro, pra ter noção. No fim, o neurologista, me passou o amato (topiramato) e chegando em casa, fiz uma pesquisa na internet e fiquei maravilhada, porque o amato emagrecia e eu ainda tomava 3 comprimidos de fluoxetina que também emagrecia, imagina, eu ia bombar no shape perfeito. Acreditem, engordei!!!

Não sei se tem a ver com a cabeça, mas, creio que tem sim, sabe aquela história da mulher que quer tanto engravidar que não consegue e quando relaxa engravida? Acho que comigo é um pouco assim, sendo que eu não consigo chegar nessa fase do relaxar.

Li diversos depoimentos de que o amato não te deixava muito bem, mas, também vi gente que não sentia nada, logico que eu tinha certeza que eu não sentiria nada, só emagreceria muito e melhoraria a minha dor de cabeça. Conclusão, o amato me deixou em estado vegetativo, sempre deitada ou na cama ou no sofá, sem vontade de sair, sem vontade de fazer alguma coisa, sem vontade de viver, cheguei a bater com o carro numa mureta. Era um estado mental muito ruim, como se eu não respondesse por mim, sabe? Um dia, quando meu marido chegou em casa e me viu naquele estado, deitada no sofá, cheia de coisas pra fazer, ele me deu um ultimato. Larguei o amato e fiquei muito melhor sem ele. Ainda lutei contra a dor de cabeça durante tempos, até descobrir o cloridrato de naratriptana, que é pra ser usado de forma totalmente atípica, de vez em nunca, e eu o usava todos os dias, às vezes, até mais de um por dia, durante semanas. Hoje, ainda, de vez em quando, eu o uso quando estou com crise de enxaqueca, que diminuíram consideravelmente e já consigo fechar uma semana sem dor de cabeça.

Como a fluoxetina parou de fazer efeito, o médico mandou eu mudar para a sertralina. Usei dois meses e nada. Continuei estressada, com TPM e a bulimia.

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